Na semana em que completou seu 71º aniversário - no último dia 20 de maio -, o Mixto, clube mais tradicional e de maior torcida da capital, não teve nada a festejar. O clube que fez o maior investimento de sua história para a disputa do Campeonato Estadual - algo em torno de 300 mil reais - se despediu do atual certame, após um dos maiores fiascos, desde a fundação do clube.
Entre as 14 equipes que iniciaram a competição, o alvinegro foi o primeiro eliminado. E pelo meio mais ridículo: um sorteio, com pedrinhas, na FMF, tirou o time da competição e materializou o azar que acompanhou o time, em todo o certame.
O que teria acontecido com o Mixto, depois de um investimento tão alto? Até hoje, dirigentes, comissão técnica e conselheiros ainda buscam uma explicação convincente. A torcida, que este ano voltou a prestigiar o time, não entende o fato. ‘Coisas do futebol’, amenizam alguns.
De fato, o Mixto parece ter feito de tudo que estava ao alcance: contratou dois grandes grupos de jogadores - um com base no Iraty e outro com os melhores jogadores do Ituiutaba, clubes que fizeram ótimas campanhas nos estaduais do Paraná e Minas Gerais, respectivamente. Para o comando, trouxe o experiente técnico Éder Taques, consagrado como ‘pé-quente’. O clube ainda deu tudo o que precisava os jogadores: bons salários, bom alojamento e até ótimas promessas.
A torcida chegou a ficar confiante e percebeu a luta da diretoria em montar um time competitivo. “Compreendemos que houve um esforço grande dos dirigentes e que tudo o que podia ser feito, foi à prática”, disse o mixtense Alberto Garcia, estudante, que, desde o início do campeonato vinha acompanhando o time.
Na chave da capital, o que se viu foi o Mixto cair de forma humilhante sofrendo goleadas históricas diante do Cuiabá e do Operário. Mas não ficou totalmente em branco. O Berga, que voltava a disputar o Estadual, com um time praticamente amador, foi a principal vítima alvinegra, em duas ocasiões.
Na repescagem, o alvinegro perdeu para o fraco time do Sorriso, fora de casa. No jogo de volta, precisava vencer por 2 a 0. Esse placar foi mantido até os 43 minutos, quando o time do Nortão foi para cima e diminuiu. Mal-informado, o técnico Éder Taques acreditava que a vitória de 2 a 1 já servia. Mas o regulamento surpreendeu. A partida terminou e a definição foi para sorteio. O Mixto foi desclassificado na loteria das bolinhas. Péssimo destino para o clube que até hoje figura no ranking dos 45 melhores do futebol brasileiro, conforme a CBF.
Nova postura
Em meio ao corredor da tristeza mixtense na temporada 2005, os dirigentes se seguram em uma nova mentalidade: recomeçar do zero, com trabalho de base visando à descoberta de valores para a equipe profissional.
Considerado o ‘homem forte’ do Mixto, o deputado José Riva, muito querido pela torcida alvinegra, afirma que vai ser levantada uma nova filosofia, com a promessa de estrutura para isso.
“O Mixto é um clube tradicional e não vai parar. Vamos construir nosso Centro de Treinamentos, com início no próximo mês, e vamos disputar a Copa Governador”, prometeu o deputado José Riva, que na próxima semana se reúne com os demais membros da diretoria e a comissão técnica do clube para discutir sobre os próximos passos do clube.
Mas em algo o dirigente está muito decidido: “Vamos recomeçar, dando prioridade ao trabalho de base, de olho no futuro”. Riva lamentou a péssima campanha em 2005, mas observou que “a experiência teve sua valia, já que decidimos estabelecer a política de pés no chão”.
Prometendo não abandonar o Mixto, Riva conclama a união dos dirigentes e pede reflexão da torcida afirmando que “se Deus quiser, vamos começar logo a construção de nosso CT e dar uma transformação digna ao Mixto”.
Também concorda com essa mentalidade o presidente do clube, o ex-jogador Fabinho, que coloca sua paixão acima de tudo. Abnegado do alvinegro, ele levanta as mãos aos céus pela união que tem garantido a sobrevivência do clube, apesar de todos os problemas.
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Autor: Darwin Júnior |
Breve Histórico
Os 20 jogadores foram contratados pelo Mixto, sendo que 13 vieram de outros Estados. O técnico é Elzo Coelho. A despesa estimada, por mês, é de R$ 60 mil a R$70 mil. O clube fez uma parceria com o Iraty. De lá, vieram nove jogadores, sendo o goleiro Wagner, o ala-direita Éverson, o zagueiro central Roberto, o 4º zagueiro Pedro Rocha, o ala-esquerda Neto, os volantes Russo e Alessandro, os meio-campistas Carlópolis e Douglas e o atacante Bruno. Do Paraná, recebeu o reforço do goleiro Maycon; do Sport o 4º zagueiro Claudinei e de São Paulo o atacante Wellington. Sete jogadores já são conhecidos nos campeonatos estaduais e disputaram a temporada de 2004 pelo Clube, sendo o zagueiro central Gera, o volante Clebinho, os meio-campistas Birinha, Clayson, Silvano e os atacantes André e Márcio. O clube está também investindo em estruturação. As obras do Centro de Treinamento do Mixto devem começar ainda neste primeiro semestre. Enquanto o CT do Mixto não saiu, o clube está utilizando o Centro de Treinamento da Brasil Central. O time já tem três empresários parceiros para a construção do CT, sendo que cada um selou o compromisso de investir R$ 100 mil cada.