domingo, 27 de setembro de 2015

Nhá Barbina foi influenciada por frei Quirino e não se importava de ficar no meio dos homens

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Parede sem reboque. Móveis escassos. Saudades fixadas na parede da sala, na forma de quadros fotográficos. Simplicidade que vem de um sorriso cor-de-cajú. Mesma coloração dos cabelos. O apelido desta menina é Nhá Barbina. O nome, Maria Zeferina da Silva. Uma filha, um filho e um esposo (hoje falecido - Nota Mixtonet) que lhe acompanham em todos os passeios. 

Profissão registrada na carteira de trabalho: feirante. A grande paixão, existente há mais de 60 anos, é o Mixto Esporte Clube. A sina divina: ser torcedora-símbolo do time de futebol mais lembrado de Cuiabá (pelos elogios, palavrões, lembranças e esperanças). 

Nas fotografias, as saudosas formações da equipe. Com direito ao centroavante Bife e ao endiabrado ponta-direita Pelezinho. Ela aponta com os dedos lépidos e marcados pelo tempo cada uma das figuras. Lembrar quem são é um pouco mais difícil. “Era bom demais. O Mixto tá no meu coração”. Depois das palavras, dá-lhe gargalhada. 

Nhá Barbina conta que o amor pelo time veio um pouco após a paixão pelo futebol. Ela passou a visitar os campos antes dos 18. O pai, Ângelo Carlos da Silva era zelador do Dutrinha. “Eu ia, mas não gostava tanto”. Ela também dava uma espiadela no campo do Liceu Cuiabano. Na época, torcia para o Atlético Mato-grossense. 

“Eu ‘garrei’ a torcer mesmo pro Mixto por causa do frei Quirino”. Ela diz que topou vender ingressos para uma partida em prol da vida religiosa do nobre homem. Fez o serviço com tanto gosto que se envolveu. “Daí em diante eu comecei a ir direto pro estádio. Daí a mulherada veio atrás de mim”. 

Nhá Barbina menciona que não se importava em ficar no meio dos marmanjões. “E era uma guerra de porcaria. Urina, água, sujeira”, complementa e torna a gargalhar. Ela não se esquece da vez que foi a São Januário e viu o seu Mixto ser desclassificado. “Foi culpa do Pastoril, que errou o pênalti”. Ela conta outro causo. 

“Teve uma vez que eu bebi cerveja. Fiquei tonta e fui parar na outra torcida. Quando sentei, senti uma bordoada nas costas. Levantei ligeiro e bati com o mastro na cabeça do rapaz. Sangrou. Daí chegou a polícia e me levou pro lado da torcida do Mixto”. 

Fonte: Diário de Cuiabá / Adaptado por Mixtonet - Foto: Fábio Ramirez/Mixtonet
27/09/2015

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Publicado por: Fábio Ramirez

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