O Mixto Esporte Clube completa neste 20 de maio 88 anos de conquistas e tradições. O Alvinegro cresceu acompanhando a transformação de Cuiabá em uma acanhada cidade do início do século XX, para a moderna metrópole de hoje. O Mixto é o clube do sotaque e da culinária cuiabana, indiscutivelmente a agremiação esportiva que mais representa nossa cultura e que sem dúvida tem a maior e mais fanática torcida de Mato Grosso.
O Tigre hoje está voltando às suas origens de vitórias, se destacando no Campeonato Mato-grossense da Série B edição 2022, com três jogos e três vitórias, rumo ao lugar que jamais deveria ter saído. Nos últimos jogos, a massa mixtense voltou a lotar os estádios e provar que é a maior. Mais recentemente, o empresário e presidente do Grupo Gazeta de Comunicação, João Dorileo Leal, e o ex-senador e também empresário, Antero Paes de Barros, entraram como os novos sócios do Mixto Esporte Clube . O Tigre tem a hoje a frente um bom trabalho feito pelo advogado Vinicius Falcão, atual presidente do Mixto.
O contrato tem duração de 10 anos e a meta é reviver a credibilidade do time mais antigo de Mato Grosso, que há dois anos está fora do Campeonato Mato-Grossense da primeira divisão. “Minhas origens são no esporte do rádio mato-grossense. Esse não é só um compromisso, mas uma dívida que tenho por tudo que conquistei, por tudo que Cuiabá me deu. Hoje sinto que tenho condições de retribuir. O Mixto é um produto extremamente valioso e importante enquanto negócio”, relata Dorileo Leal.
O ex-senador Antero Paes de Barros afirma que a nova era do time quer que o torcedor volte a gostar da equipe, a assistir os jogos e prestigiar a história de quase nove décadas do time. “Há muitos anos converso com Dorileo Leal sobre essa possibilidade de investir no Mixto, reforcei o quanto o Mixto precisava da gente. Ele é marca de Mato Grosso e precisa da credibilidade que tem o seu nome. O time está com uma diretoria altamente bem intencionada. As nossas intenções são as melhores possíveis”, alega o empresário.
TRAJETÓRIA
De longe, o Mixto Esporte Clube é o mais vitorioso que os gramados mato-grossenses já presenciaram. São 24 conquistas de campeonatos estaduais, dentre os quais, o exclusivo tetracampeonato de 1954 e 1982. Ficou conhecido como o Tigre da Vargas, resquício de sua antiga sede erguida com contribuições voluntárias, e que se localizava na principal avenida da Cuiabá. A sede foi vendida, em um episódio que dói até hoje para todo mixtense que viveu ali carnavais cuiabanos e intermináveis festas populares.
O campeão dos 250 anos de Cuiabá foi também o primeiro mato-grossense a vencer uma competição nacional, o Centro Oeste de 1976. Das várias participações na elite do futebol brasileiro, fez jogos memoráveis como a vitória por 1 a 0 contra o Vasco da Gama no Campeonato Nacional de 1976, quando o craque Adavilson Pelezinho marcou um belíssimo gol olímpico nos minutos finais da partida. Ou na goleada mixtense por 4 a 2 em cima do Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro de 1982, com o craque Tostão destruindo o time mineiro com três gols na partida. Ou o histórico duelo entre Mixto e Operário de Várzea Grande valendo vaga para o Campeonato Brasileiro de 1976, o duelo anunciado como “quem vai para o Nacional”? A vaga ficou com o Mais Querido.
O destino ainda colocou Mixto e Operário VG em outro embate histórico, em 1979 pelo Campeonato Brasileiro, com vitória do Tigre por 4 a 3. O Branco e Preto reinou no antigo Estádio do Comércio (hoje campo do Liceu Cuiabano), no Estádio Presidente Dutra e no Estádio Verdão. Levou os maiores públicos que o futebol regional já presenciou. E inaugurou a Arena Pantanal, no empate contra o Santos pela Copa do Brasil de 2014.
Voltar para Série D e ter um calendário, é o grande sonho do momento. Conquistar o inédito título de campeão estadual na Arena e voltar a vibrar nas arquibancadas do Dutrinha, a verdadeira casa mixtense. E porque não, sonhar em um dia voltar para onde estivemos por muito tempo, na elite do futebol nacional. O papel do torcedor é sonhar, torcer e cobrar resultados. O papel dos dirigentes é resolver os problemas e remover os obstáculos. Aquele clube de mulheres e homens idealizado por Zulmira Canavarros em 1930.
A HISTÓRIA DO TIGRE!
A história do Mixto Esporte Clube se confunde com a história de Cuiabá no século passado, sendo parte das tradicionais marchas carnavalescas e festas populares. O Mixto se tornou o orgulho dos cuiabanos, levando o nome da cidade por vários cantos do Brasil até os dias de hoje. Fortificando-se como o clube das massas, do sotaque, da culinária, das crenças e do modo de vida do cuiabano.
Dia 20 de maio de 1934, na Rua Sete de Setembro no centro de Cuiabá, quase em frente a Igreja Senhor dos Passos, mais especificamente na antiga Livraria Pepe (um casarão construído em estilo colonial e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) é fundado o ‘Mixto Sport Club’ (Assim era a grafia original do nome do clube). Reunidos neste casarão, Maria Malhado, Gastão de Matos, NalyHugueney de Siqueira, Avelino Hugueney de Siqueira (maninho) e Zulmira Dandrade Canavarros decidiram fundar um clube esportivo, mas estavam determinados que ele fosse diferente: um clube que reunisse homens e mulheres para o entretenimento cultural e esportivo, algo incomum para a época, na qual os clubes esportivos eram majoritariamente para homens.
A fundação do Mixto ocorreu para organizar um time de volei que pudesse enfrentar a poderosa equipe do bosque, que mantinha supremacia nesse esporte em Cuiabá. Como na época era muito difícil formar um sexteto de volei dentre os homens na capital mato-grossense, o MIxto reuniu quatro homens e duas mulheres no mesmo sexteto e isso facilitou a discussão sobre que nome dar a esse clube. Daí ter nasdido o Mixto, com x mesmo, pois essa era a nomenclatura da época.
Dois outros clubes influenciaram na criação do Mixto E.C., o Clube Esportivo Feminino (dedicado a discussões e saraus sobre a literatura mato-grossense, brasileira e europeia) e o Clube Esporte Pelote (liderado por NaliHugueney e também por Zulmira Canavarros). O Pelote era um time de vôlei feminino que funcionava numa quadra de esportes no bairro da Boa Morte, próximo à antiga sede do Mixto, entre as ruas Cândido Mariano e Campo Grande. Ao final dos jogos de vôlei, eram realizados no mesmo local bailes tradicionais, que continuaram como tradição na vida do clube alvinegro.
Já o Clube Esportivo Feminino foi fundado em 1928 pela professora Zulmira Canavarros, que liderando um grupo de moças cuiabanas criou um clube para recreação, esporte e cultura. Após a fundação do Mixto ambos se separaram em suas trajetórias, tornando assim o Mixto um clube centrado no lazer esportivo e o Clube feminino no lazer cultural.
O Clube Feminino possui sua sede na Rua Barão de Melgaço, esquina com a rua Campo Grande, próximo à antiga sede do Mixto, num casarão tombado pelo Patrimônio Histórico de MT.
Nas origens do Mixto uma mescla de cultura, tradições regionais e esportes praticados por homens e mulheres. Assim começa o legado do Mais Querido. Em 1937, já com a paricipação de Ranulpho Paes de Barros é fundado o futebol do Mixto, que naquele mesmo ano já conquistava seu primeiro, dos 25 títulos estaduais que possui. Além de ser o maior papa títulos no futebol de Mato Grosso.
O Mixto ostenta hoje em sua camisa duas estrelas amarelas que significam as maiores conquistas do clube, além dos campeonatos estaduais. Em 1969, o Mixto foi o campeão dos 250 anos de Cuiabá e em 1976 foi o primeiro e único campeão do Centro Oeste brasileiro. Esse torneio nunca mais foi disputado. (Com informações: Mixto.Net e Mixto.EC)
Fonte site Mixto ec