A Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) mergulhou numa crise institucional sem precedentes. Após o fim do mandato de Aron Dresch
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Aron Dresch, Ednaldo Rodrigues e Humberto Frederico (foto: Rafael Ribeiro/CBF ) |
A era Aron Dresch à frente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) pode estar chegando ao fim, em meio a decisões judiciais, investigações do Ministério Público e denúncias de fraude eleitoral. Após o término oficial de seu mandato, no último domingo (25), o dirigente ainda tentou manter-se no cargo, mas foi impedido pela Justiça estadual e não recebeu apoio nem mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Sem respaldo institucional, jurídico ou político, Dresch já admite que deixará de comandar a entidade. Ele chegou a recorrer à CBF para continuar à frente da FMF, mas teve seu pedido rejeitado. Fontes apontam que seu isolamento pode ter sido agravado pelo fato de não ter apoiado Samir Xaud para a presidência da CBF.
Justiça intervém e nomeia novo gestor, mas decisão é contestada pela CBF e gera embate sobre o controle da FMF.
Thiago Dayan foi nomeado administrador provisório da FMF
A juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 4ª Vara Cível de Cuiabá, nomeou o advogado Thiago Dayan da Luz Barros como administrador provisório da FMF, com base no artigo 49 do Código Civil. O objetivo era preencher o vácuo de poder após o fim do mandato de Dresch, já que a eleição para sucessão não foi realizada.
No entanto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entrou em cena nesta terça-feira (27) e solicitou à Justiça que reconsidere a nomeação. Segundo a entidade, a designação judicial fere o Estatuto do Futebol e pode trazer sanções da FIFA, que não reconhece dirigentes impostos por poderes externos ao sistema associativo.
A CBF propôs um nome alternativo: Luciano Dahmer Hocsman, atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol, para liderar a FMF de forma interina até as eleições. A confederação destacou que Hocsman tem “vasta experiência na gestão do futebol” e a imparcialidade necessária para conduzir o processo de forma legítima.
A Justiça ainda deve analisar se acatará ou não a proposta da CBF.
Luciano, presidente da FGF assume a FMF como interino
Denúncia de falsificação e investigação criminal
Uma das acusações mais sérias contra Dresch envolve a falsificação de apoio à sua chapa. O presidente do União de Rondonópolis, Reydner Souza, aparece como signatário de um documento datado de 15 de abril — data em que estava em viagem internacional. Segundo ele, as únicas assinaturas que de fato realizou foram em dezembro de 2023 e fevereiro de 2025.
Com essa e outras suspeitas, o Ministério Público instaurou procedimento investigatório para apurar possível fraude na formação da chapa de Dresch. O MP também determinou a devassa em contratos, convênios e repasses firmados pela FMF com entes públicos, com o objetivo de identificar eventuais desvios de finalidade ou má gestão de recursos públicos.
Fraudes estruturais e vícios no processo eleitoral
Paralelamente, entidades filiadas à FMF que integram o grupo de oposição, como o Mixto Esporte Clube e a Associação Camponovense Celeiro de Futebol, também denunciaram irregularidades no processo eleitoral. Entre os principais pontos estão:
• Falta de transparência na publicação e acesso à documentação das chapas;
• Subscrição de candidaturas com assinaturas fraudadas;
• Utilização de comissão eleitoral terceirizada (CBMA) sem amparo no estatuto;
• Exclusão de clubes do colégio eleitoral de forma arbitrária;
• Tentativa de blindar o processo da análise do Poder Judiciário por meio da arbitragem.
Essas denúncias já constam em ações judiciais em trâmite na Justiça Estadual, com o pedido de anulação total das eleições da FMF.
Futuro indefinido
Apesar do desgaste e das investigações, Aron Dresch divulgou nesta terça-feira (27) uma carta de “despedida”, reconhecendo seu afastamento da presidência da FMF, fazendo um balanço de sua gestão e defendendo a realização de eleições. Nos bastidores, porém, ele ainda tenta manter influência, mesmo após ter exonerado, dias antes, um de seus principais aliados, Humberto Frederico — até então diretor executivo da FMF —, decisão que teria contribuído para a divisão interna de seu grupo político. Circulava a possibilidade de Aron articular a candidatura de Geandre Bucair, dirigente do Dom Bosco, como sucessor, mas o próprio Geandre divulgou um vídeo afirmando que não será candidato, embora tenha reafirmado publicamente seu apoio a Aron, reforçando que, mesmo oficialmente afastado, Dresch segue com influência ativa nos bastidores da entidade.
Atualização – Em primeira mão
Fontes ligadas ao MixtoNet informaram em primeira mão que em uma ação do interventor nomeado pela Justiça, Thiago Dayan, anulou a nomeação de outro diretor executivo feita por Aron Dresch. Com isso, Humberto Frederico voltou ao cargo de diretor executivo da FMF. Segundo apuração do MixtoNet, a notícia será oficialmente divulgada em breve.
Fonte: MixtoNet